O VAI E VOLTA DO IOF – NARRATIVA DO MÊS

Em final de maio, o governo publicou um decreto elevando o IOF para uma série de operações: crédito corporativo, câmbio, previdência privada, planos como VGBL e até remessas internacionais. A meta? Levantar até R$ 30 bilhões em 2025 — parte de um pacote fiscal para cumprir metas do arcabouço — e evitar gastos mais drásticos

O Congresso contra-ataca

Em 25 de junho, o Congresso reagiu e derrubou o decreto. Foi uma derrota histórica para o Planalto — com 383 votos a favor da derrubada na Câmara — levando à suspensão imediata das novas alíquotas

STF entra em cena: suspensão e negociação

Em 4 de julho, o ministro Alexandre de Moraes do STF assumiu o protagonismo. Suspendendo tanto o decreto quanto a anulação parlamentar, ele marcou uma audiência de conciliação entre Executivo e Legislativo

No dia 16 de julho, o STF decidiu manter a maior parte do decreto presidencial. A única exceção foi o aumento do IOF sobre o “risco sacado”, que foi vetado

Portanto, as alíquotas “novas” voltaram a valer, com extra consolidação de:

  • IOF de 3,5% em compras com cartão no exterior (antes era 3,38%) e câmbio em espécie/remessas (antes 1,1%)
  • IOF diário nas operações de crédito para empresas subindo de 0,0041% para 0,0082%, mais taxa fixa de 0,38%.
  • VGBL (previdência) com IOF de 5% acima de R$300 mil em 2025 (R$600 mil a partir de 2026)
  • FIDCs: 0,38% em aquisição de cotas

E a arrecadação?

O governo estima que isso deve gerar entre R$ 11,5 bilhões e R$ 12 bilhões em 2025. A IFI, por sua vez, projeta R$ 10 bilhões a mais este ano, e impressionantes R$ 28 bilhões a mais em 2026

Situação atual

As novas alíquotas estão valendo desde 11 de junho, sem efeitos retroativos. A Receita Federal esclareceu que instituições não precisam recolher valores retroativos referentes ao período de suspensão.

Agora o tema está nas mãos do STF e do poder Executivo, com cortes orçamentários e eventual compensação esperada pelo Ministério da Economia.

O sobe e desce do IOF no último mês foi um verdadeiro ping‑pong institucional — cada décimo percentual virou assunto de pancadaria entre Executivo e Legislativo, com o STF jogando a bola no meio. Agora, quem realmente arcará com essa nova tabela somos nós… mas com sinal verde para o governo e um tom de cautela: sem cobrança retroativa, mas com foco total no cara-a-cara entre os poderes e os cofres públicos.

Emília Malgueiro Campos

 

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