INOVAÇÃO SOB OBSERVAÇÃO: QUANDO ATÉ O PRODUTO CRIPTO NOVO PRECISA PASSAR NA VISTORIA

No maravilhoso mundo das VASPs, lançar um produto novo costumava ser simples: ideia boa, design bonitinho, deploy no sábado à noite. Mas agora, com a proposta de regulamentação trazida pela Consulta Pública 109/2024 do Banco Central, a realidade bateu na porta com um clipboard na mão e cara de quem vai fazer perguntas.

Sim, meus caros, chegou a era da análise prévia de produtos.

“Mas doutora, é só um token promocional…”

Pois é. Era só uma “promoçãozinha”. Um NFT comemorativo, um LaunchPool com recompensa em memecoin, ou aquele derivativo de cripto atrelado ao preço do pastel de feira. E agora? Agora vai ter que passar pelo crivo do compliance. E, acredite, isso é uma boa notícia.

A regulamentação não veio para sufocar a inovação. Ela veio para impedir que ela vire caso de polícia.

 

O que o Bacen está dizendo (com todo carinho)

A minuta propõe que as PSAVs façam o dever de casa antes de lançar novidades: avaliem os riscos, documentem o processo, e garantam que o produto não vai colapsar na mão do cliente. Nada além do razoável. Nada que qualquer empresa séria já não devesse estar fazendo.

É como se o regulador dissesse:

“Inove à vontade, só não me apareça depois dizendo que não sabia que daria problema.”

Mas e o ritmo do mercado?

Ah, o dilema do século: o mercado corre como se estivesse no Fórmula 1, mas agora o regulador quer frear tudo?

Na verdade, não. A proposta do Bacen não é desacelerar. É pedir que, antes de pisar no acelerador, você cheque se tem freio. Afinal, quando o carro capota, quem sofre é o passageiro (vulgo: cliente). E aí não tem pitch de inovação que salve a reputação.

 

Compliance: a nova área de Produto

Chegamos em 2025 com uma verdade incômoda: o sucesso de um produto cripto não está só no whitepaper bonito, mas também na política de riscos bem feita. O jurídico virou coautor do roadmap. E o compliance, sócio oculto do backlog.

Quem entendeu isso antes, hoje dorme tranquilo. Quem ainda acha que regulação é inimiga da criatividade, talvez precise rever o conceito de “descentralizado, mas responsável”.

Conclusão: ainda dá pra lançar coisa nova?

Claro que dá. Inovação não morreu. Ela só ganhou um checklist — e um lembrete gentil de que o mercado está amadurecendo. Porque revolucionar o sistema financeiro é ótimo. Mas fazer isso com responsabilidade e transparência… é obrigatório.

E cá entre nós: melhor ter o regulador acompanhando o ensaio do que entrando no palco no meio do espetáculo, né?

Emília Campos

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